13 de novembro de 2017

Fazer negócios online

Já não se fazem negócios como antigamente. Com isto, refiro-me a ir às lojas, às feiras de rua, às praças, comprar as coisas estando realmente lá no local, em pé e pagar com dinheiro. Agora e cada vez mais se fazem negócios através da internet. E os negócios de compra e venda em 2ª mão de particular para particular através de anúncios em sites especializados é muito usado em Portugal. Mas há uma coisa que parece nunca mudar: o português querer sempre regatear. Isso continua. O que está a mudar é só o facto desse regateio estar cada vez mais disparatado. O português quando quer comprar alguma coisa, seja a que preço estiver esse produto,  quer sempre baixar o preço.
Se eu estiver a vender um aparelho por 200 euros, perguntam-me se posso baixar para 150. Mas se eu estivesse a vendê-lo por 150 euros, pediriam para baixar para 100, mesmo que o aparelho custe na loja 10 vezes mais. Seja qual for o preço, recebo sempre este tipo de telefonema:
-"Olhe, estou interessado, mas... não pode fazer mais barato?"
O português não fica satisfeito enquanto não conseguir uma baixa de preço.
Se eu pusesse à venda um carro Porsche topo de gama por... vá, 20 euros, iria haver alguém a telefonar e dizer:
-"Estou sim? Olhe, eu estou interessado no Porsche. Mas... não pode fazer mais barato?"

E há uma pergunta que muitas vezes fazem e que me irrita. É quando perguntam:
-"Qual é o preço mínimo que pode fazer?"
Ao que me apetece responder:
-"Então, não está a ver o preço afixado? É aquele!!! Se eu pudesse fazer mais barato colocava esse preço. Eu quero é vender. Isto não é uma loja. Isto é para despachar, é material em segunda mão. É velho. Tal como os seus neurónios."
Por isso, retirei o meu número de telefone dos anúncios. Não quero telefonemas porque não quero molhar o meu telemóvel com saliva proveniente da raiva que fico na altura. Agora recebo estes disparates só por email.

E aqueles clientes que enviam mensagem a dizer que estão interessados mas depois nunca dizem nada? Apeteceram-lhes enviar mensagens a vendedores só para passar o tempo, é? Foi para descansar um pouco das muitas horas que estavam a jogar ao World of Warcraft?

Então e aqueles que parece que são alérgicas aos portes de envio? Se dissermos que, ao preço produto ainda se acresce os portes, eles têm um ataque de pânico. É que perguntam sempre se posso oferecer os portes. Se eu disser que não, deixam de comprar. Então o que é que fiz? Aumentei o preço de cada produto que tenho para venda já tendo em conta os portes e digo às pessoas que os portes são grátis. E não é que resulta? É um truque psicológico que vos dou de bom grado. Gratuitamente para vocês. Não têm que agradecer, nem pagar portes.

Eu conheço relativamente bem este mundo dos negócios online porque cheguei a trabalhar durante anos num jornal e site de classificados. Muita coisa me irritava, mas por outro lado, gostava de receber os anúncios porque, seja por brincadeira dos anunciantes, seja a sério mas por engano ao escrever, ou por desconhecimento do produto, de vez em quando apareciam coisas engraçadas. Vou mostrar aqui alguns anúncios que cheguei a receber na redação do jornal. Isto é tudo verdade.
"Vendo carro com caixa de 5 lugares."
"Sou feio, porco e mau. Procuro mulheres feias, porcas e más para troca de cabeçadas, socos e pontapés."
"Compro cannabis e outras plantas que façam rir."
"Vendo casa com 2 assoalhadas e sol até à noite"
"Vendo capacete de mota. Motivo: tenho a cabeça grande."
"Vendo uma casa em Setúbal, zona calma, tem 3 roupeiros com lareira."
"Vendo esposa, com pouco uso de minha parte, pouca quilometragem e pouco experiente. 5 euros."
Coitada da mulher. Sujeitar-se a este tipo de coisas do marido. E ele valoriza-a por 5 euros? Muito mau. Bem, mas se calhar até vou telefonar para lhe comprar a esposa. Mas vou perguntar primeiro se ele não pode fazer mais barato.




Versão podcast disponível em:

2 comentários:

Duarte Fernandes Pinto disse...

Fartei-me de rir, Gus ...
Continuas em forma ...
Forte abraço, copiloto.

Gustavo Vieira disse...

Eheh. Obrigado, Duarte. Grande abraço.