Chegam mais doentes. Têm de ficar
mais juntos para haver mais espaço de mobilidade para os
profissionais da saúde.
Pessoas saem do elevador e têm de
desviar-se porque há macas com doentes mesmo ao pé da porta. As
enfermeiras têm que fazer uma pequena ginástica e alguns desvios
para irem tratar de um doente em específico.
Os corredores enchem-se cada vez
mais com doentes de todo o tipo. Doentes com infecções pulmonares,
doentes com dores abdominais, doentes com viroses... Ficam todos
juntos, em grupo, sem divisões.
Os doentes precisam de repouso. Mas
têm de ficar num corredor iluminado, movimentado, barulhento.
Ouvem-se gritos de dor. Não se dorme.
Os suportes para o soro escasseiam.
Um suporte vai ter de ser usado em 2 doentes.
Será isto uma descrição de um
hospital do Terceiro Mundo? Não. Será um argumento de uma cena de
um filme de guerra passado num hospital militar? Não. É a descrição
do que se passa no Hospital Garcia de Orta. Talvez noutros hospitais
também, mas não posso falar pelos outros porque não estive lá. É
esta a situação.
Mérito para os doutores, enfermeiros e
restante equipa que lá trabalha que, a muito custo, tentam ao máximo
trabalhar nestas condições. A culpa não é deles.
É dessa corja de engravatados ladrões
que se dizem governantes.
Se me perguntarem uma das minhas
memórias de juventude, é o facto de falarem em construir um
hospital no Seixal.
-"Construir um Hospital no Seixal?
Já há um em Almada que chega para todos." - pensa um desses
ladrões enquanto come uma lagosta num restaurante de alto nível,
pago pelo povo.
Não se pode desejar o mesmo a esses
indivíduos, porque nunca usarão um hospital desses. O dinheiro que
roubam ao povo dá lugar aos melhores hospitais do mundo, seja em que
país for.
Portugal está doente. E o governo é o
virus.
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