1 de setembro de 2008

Aventura no restaurante

Por ocasião do aniversário da minha avó, decidimos ir todos almoçar fora. Eu, pais, irmãos e a aniversariante. Ao todo, 6 pessoas dentro de um Renault Clio de 5 lugares. Para quem está habituado a andar de transportes públicos, a viagem foi muito confortável.
Fomos a um restaurante brasileiro na Costa da Caparica. Daqueles que têm buffet, pratos de picanha e rodízio. Penso que só existem em Portugal, alguns... 32.637 restaurantes desses. Cerca de 31.000 estão na Costa da Caparica.
Quando chegámos à porta do restaurante, a empregada perguntou:
-"É mesa para quantos?"
E eu respondi:
-"Meia!"
Sim, porque, quando estou no território deles, tento falar "brasileiro".
Eu já ia com a ideia de comer picanha. Acho que toda a gente vai sempre com essa ideia. Aliás, nunca vi ninguém entrar num restaurante desses e pedir umas sardinhas assadas, um prato de carne de vaca estufada ou cozido à portuguesa.
Para beber, pediu-se vinho da casa tinto. E veio um vinho português. Eu pensei que, estando num restaurante brasileiro, nos presenteassem com um Terras de Paraguaçú ou um Vinha dji Pantanal, mas tudo bem.
3 de nós pediram buffet e os restantes pediram picanha com direito a buffet. 1 hora depois... a picanha ainda não tinha chegado. Vários empregados vieram à mesa pedir desculpas e asseguraram-nos que a carne estava quase a sair, que faltavam 2 minutos. Aliás, poderíamos dizer qualquer coisa, que a resposta seria sempre essa:
-"E então? Estamos à espera do peixe-verde da Patagónia do Sul."
-"Está quasi a sairr. Só dois minutos, pôr favôrr. Péço disculpa."
Veio-se a saber pouco depois que a impressora avariou-se e não imprimiu o pedido para a nossa mesa, daí o grande atraso. Eu logo vi que essas impressoras com voz de Português do Brasil iam dar problemas, principalmente num restaurante brasileiro. Provavelmente, o empregado carregou no botão de imprimir e ouviu-se:
-"À impressão istá... concluída!!!"
Concluída o escambáu. Para reparar o erro e "mimar-nos" enquanto não vinha a carne, ofereceram-nos a picanha do rodízio. Sim, a tal carninha num espeto, cortada às fatias fininhas. Mas depois, quando veio a carne que pedimos, a mesa encheu-se com todos os empregados do restaurante a servirem-nos de tudo o que era possível. Aquilo parecia uma mesa de hospital com médicos cirugiões à volta. Que confusão. Era picanha no espeto, ananás no espeto à fartazana e mais vinho tinto. A mesa ficou mais cheia de comida que a do Fernando Mendes em noite de Natal.
É costume nestes restaurantes, uma empregada, de quando em quando, perguntar se queremos banana ou batata. Já repararam no que oferecem? Banana e Batata. O nome é praticamente igual, só muda 2 consoantes. Será coincidência? Eu acho que, se houvesse um alimento chamado Bafafa ou Bacaca, também estava lá. O pior era se houvesse um alimento chamado Baxaxa. Aí, seria mais complicado perguntar:
-"Quer uma Baxaxa."
No final da comida, o português pede sempre um palito. O que seria engraçado era seguirem a forma de servir, como no rodízio e trazerem um tronco de madeira no espeto e cortarem uma fatia para fazerem o palito.
No final, foram 2 horas de enfardanço brasileiro. E bati um recorde. Depois disto, fiquei 21 horas sem comer nada. Não foi difícil, visto que não tive fome nenhuma nessas horas todas. Parece que não, mas assim poupa-se muito dinheiro.

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